28 Dezembro 2008 - Um almoço "molhado"







28 Dezembro 2008 - Um almoço "molhado"

À hora marcada … saí de casa. Pois porque o sócio AC não tolera adiantos de hora e zela para que esteja tudo desorganizado. Chegada ao ponto de encontro e já lá estavam meia dúzia de desobedientes. Nem estava frio, nada, nem o café tinha umas mantinhas para aquecer. Nem o RB se serviu delas e parecia o avô Cantigas todo embrulhadinho.

Após umas meias horas de espera e de ganhar coragem para enfrentar a intempérie, lugar a um pequeno briefing para indicar que a desorganização não tinha pensado em nada, só tinham uma vaga ideia que queriam ir almoçar Irozes.

Irózes … então não eram enguias?????

Mais uns dedos de conversa à espera de mais veteranos e foram aparecendo mais destemidos, um toque de telemóvel e lá apareceu o Coiote que tinha estado no local errado à espera dos desorganizadores (quem te mandou confiar nas fotos, para a próxima compra um GPS) e estamos todos. Debaixo de um sol esplendoroso (que brilhava no Hawai), os 12 Cavaleiros do Apocalipse e mais 4 destemidas penduras, alinharam-se para o passeio rumo ao desconhecido.

Em caravana ordenada (à revelia da desorganização que queria despistar o pessoal) perseguimos o CEO da empresa organizadora através da 25 de Abril, debaixo de uma não-chuva - nãoooo, só uns pinguitos grossos e persistentes – à caça de uma placa a dizer Sesimbra. Mas não confiem muito porque até lá chegar ainda vamos dar umas voltinhas. E cruzámos as estradas todas da região, é bom andar à chuva, está um dia perfeito, as horas passam e já comia qualquer coisa. Num cruzamento avistei o Peralta …. Ai …. comia um arrozinho de marisco … ai … ai .. mas não, ainda havia mais voltinhas pela frente.

Rumo ao Cabo Espichel, a chuva abrandou e transformou-se nuns pinguinhos que prometiam finalmente um passeio (in)decente. Paragem para tirar o capacete e respirar o cheiro a terra molhada, falar mal da organização e ouvir os roncos do estômago. Hora de almoço mas ele não aparecia. Apareceu aquela chuvinha “molha parvos”, os parvos que estavam ali, sós naquele fim do mundo, só deserto molhado. Depois de algum refilanço, a desorganização acedeu em navegar até ao “escritório” de Sesimbra onde verificámos que estava sem ninguém – parece que havia greve de pessoal, balancetes molhados, escrita ensopada, lá nos valeu uns pastelinhos e um cafezito para enganar a barriguita e dar coragem para mais uma epopeia.

Com o alto patrocínio da chuva lá fomos de passeio pela Serra da Arrábida, curva acima, curva abaixo, paisagem desconhecida para nós que os Exmos. ACRB tiveram a gentileza de nos mostrar. Lá em baixo os veraneantes tomavam banhos de sol mas na estrada uma cortina de nevoeiro e uma parede de água castigava os bravos que foram na conversa desta empresa falida que desorganizou uma lavagem gratuita às motos. Quê??? Queriam ver as vistas???? Pagaram bilhete????..... Ham … vamos lá dar gás à moto que o tempo é de crise.

À entrada de Setúbal cheirava a choco frito, já almoçava, mas eles não deixaram. Até aceleraram só para não dar ideias à malta. Meia dúzia de avenidas e entrada na AE (pareceu-me) pois só via o farolim da moto da frente. Por entre as gotas de água da viseira lá consegui um espacinho para vislumbrar várias placas de sinalização difusa que a desorganização teimava em não respeitar e não virava. O Tozé esfregava as mãos de contente – isto está a correr bem, esta desorganização está do melhor, isto é que é tempo bom para passear.

Finalmente um pisca-pisca virou à direita para uma terra chamada “Sarilhos Grandes”. Não podia ter melhor nome para aquela aventura. Paragem debaixo de um telheiro grande, os ensopados nadaram até à porta do céu, lá dentro estava quentinho, lá dentro estavam todos a olhar para aqueles malucos das máquinas flutuantes que entraram por ali adentro e deixaram um rasto de água até à mesa do fundo.

E foi um sarilho comer aquilo tudo. Eram irózes (também conhecidas por enguias), eram costeletas, eram filetes, eram bifes, era um arrozinho de berbigão de chorar por mais, batatinhas, salada, tintol, sentada junto à brigada dos Lateiros só via a comida a desaparecer à mesma velocidade que a chuva caia lá fora. E o tempo foi passando com conversa de meter água, meias penduradas a secar, um burburinho de mastigar e contar peripécias, um almoço (finalmente) que valeu pelo sabor e pela simpatia do local.

No final do almoço o tão esperado sorteio do voucher para revisão da moto. De entre todos os inscritos …. Adivinhem a quem saiu … ao Roger … raios, já é o segundo voucher que ele ganha. O Homem está com sorte, tem revisões pagas até ao verão. Como ele não estava presente (parece que ficou pela garagem a venerar a GSA e a babar-se) o Viktor teve a gentileza de fazer de mensageiro e entregar pessoalmente o prémio.

Hora de pagar a dita, mais uma vez a desorganização primou e enganou-se a contar os comensais o que levou a uma barafunda nas contas, confusão e bocas. Estava prevista uma visita aos nossos protegidos, o CK e a LT, dois bichinhos abandonados, mas a visita foi abortada pois não se pode confiar na desorganização. Vestir de novo as toneladas de roupa protectora e lá fora a chuva não cai …. devagar … cai com força.

Caminho de regresso, por entre a bruma e os esguichos da água dos automóveis, passagem por rios de água, sinais difusos que indicavam a ponte Vasco da Gama, ponte que mal vi, só consegui aperceber-me que não havia bermas de terra mas um vazio para o nada pois até a vista de Lisboa tinha ficado no sofá a ver TV. Na 2ª circular, sempre na peugada do farolim do Krull, as luzes dos automóveis multiplicavam-se através das gotículas de água que teimavam em se fixar na minha viseira, pareciam milhares de luzinhas de Natal a piscar e cintilar que só me deixavam entrever os vagos traços brancos da faixa de rodagem. Em modo robótico lá segui sempre em frente, em direcção a casa, debaixo de um dilúvio dantesco, obra da desorganização que orquestrou esta odisseia por terras de Noé.

Não fosse a amizade que une este grupo de doidos, ninguém estaria ali. Mas se não fossemos não teríamos histórias para contar. E esta vai ficar na memória. Ai vai … vai ….. um passeio de duros, para homens de barba rija …. bem eu não tenho barba …. Hum …. Mas … mas … tenho pêlo na venta

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