Caldeirada – Breve Romaria de uma enlatada - Set 2007


Afinal a alvorada já não é às 9h30 da manhã para o encontro de motas com os “mininos”. Afinal vou à caldeirada enlatada. Paciência, lá terei de dormir mais umas horas. Cotados dos “mininos”, viagem em túnel de vento, monótona, claro… eu não estava lá!

Partida combinada às 11h, ou melhor, às 11:30h, partimos perto do meio-dia. Entre quarto portas e sobre 4 rodas, lá rumámos à Capital do Mundo (não diziam que ia chover?). Após um pequeno desvio por Óbidos, Caldas, A15 para Santarém, meia volta e Peniche à vista.
Chegámos não estava ninguém.

O operador de GPS preparou a tenebrosa máquina digital para registar a chegada da procissão BMW. À frente os Pè-nixe-man’s com uns coletes vistosos, atrás os santinhos todos, andores de santas LT’s, RT’s, GS’s e ainda uns representantes de outras religiões de 2 rodas …. com um ar aborrecido (pois! eu não estava lá!).

Descida íngreme da rampa de acesso à caldeirada, destino directo para as entradas que a fome aperta. Passam pratos de camarão, queijinhos frescos correm pelas mesas, rissóis e croquetes passeiam nas mãos de uns quantos devotos, o pão desaparece (a chuva ainda não apareceu).

Na catedral da caldeirada, os lugares frente ao altar da cozinha são selvaticamente disputados. Os crentes lá se arrumam, o burburinho dura até saírem as travessas. A pouco e pouco faz-se silêncio. Ouve-se o sussurro das batatas a deslizar para os pratos, os peixes a encher os pratos, o tomate e os pimentos espirram no molho. Por entre a cerimónia religiosa, anda um devoto com uma máquina gigantesca, qual canhão mealhado, a disparar em todas as direcções. O pessoal sorri, faz pose, faz caretas, os camarões ainda esperneiam na boca de uns quantos (aqui entrariam umas fotos que estão noutra máquina, pois a minha avariou).

Os santos mastigadores conversam, trocam piadas, contam histórias de estradas e viagens até que o cunhado do “Mê cunhado” acaba com a paródia. Está na hora dos discursos. Em grande pose, emocionado, com os braços abertos, agradece a presença dos devotos e introduz os ilustres convidados O Cardeal de Peniche e o Abade da Capital do Mundo pregam uns sermões litúrgicos (lá fora a chuva fez greve).

Eis quando El-Syr toma a palavra (é desta que vai chover?) e apresenta o potencial Papa de Cascais Y Carcavelos. Ponto alto da missa! O futuro Papa-Komandante apresenta a sua candidatura, braços abertos, acena aos devotos, sorri, promete coros celestiais, suecas e brasileiras, o reino dos céus está omnipresente. Um terço de rezas divino, uma palestra perturbadora que incitou os devotos a rezarem com ele, com palmas entusiásticas, gritos e assobios, satisfação olímpica, de tal modo que o Cardeal de Peniche já renunciava à prelatura a candidatava-se a um lugar de acólito na missa das brasileiras.

Os aplausos foram intermináveis … habemos papa!!!!!!!

Finalmente os ânimos acalmaram quando o grande inquisidor da paróquia dos lateiros ameaçou os hereges de ficarem sem sobremesa se não comessem a sopa toda. Os devotos caíram no purgatório e a missa lá voltou à normalidade (a enorme máquina-canhão continuava a disparar). Depois da ameaça, vieram as sobremesas, o café, voltaram as conversas, está a ficar calor, o adro da catedral da caldeirada enchia-se de devotos, barrigas cheias, faces coradas, o mar está calmo, as fotos sucedem-se (cadê a chuva???).

Depois de uma demorada e atribulada foto de grupo (que alguém irá colocar aqui) a romaria começou a dispersar. Beijos, abraços, adeus, boa viagem, motos a trabalhar, a estrada espera (de seguida o relato da viagem de moto não tem interesse, pois eu não estava lá).

Um grande obrigado aos promotores da Romaria à Caldeirada e um grande obrigado ao espírito de amizade desta Comunidade.

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