Jun 2003 - Crónica de uma corrida e ... de um passeio pelo campo

Crónica de uma corrida
O Motoclube Lisboa participou em mais um evento social, uma iniciativa de carácter solidário. Não venho comentar sobre a iniciativa, venho apenas relatar os acontecimentos de uma manhã de sábado.

Pois bem, à hora combinada lá foram aparecendo meia dúzia de madrugadores, violentamente arrancados dos lençóis, para responder ao apelo do nosso Presidente. Ele bem contava as presenças (começou a dita contagem na véspera, preocupado em conseguir ter dedos suficientes para tantos voluntários), mas após uma longa e cansativa sessão de trabalho nocturna no escritório habitual ... a malta estava arrasada.

O primeiro café da manhã ajudou estes heróicos resistentes a encarar a missão. Dado o apito de partida lá arrancou tudo para o dito cortejo. Mas aqui é que começou a aventura. Uma saída de estacionamento por cima de um traço contínuo, logo seguida por uma marcha em velocidade estonteante. Acelerando pelas avenidas, vertiginosamente, em primeira a fundo. cruzamentos, sinais vermelhos, polícia, nada os parava. Emocionados, os transeuntes aplaudiam, ofereciam garrafas de água, juntavam-se ao cortejo. Era uma fantástica prova de perícia, de tal forma que o nosso Presidente (e a sua moto) até subiu um passeio, para deitar uma garrafa vazia no caixote. O Raspas, ressonava e andava.

Quando o calor começou a ser insuportável, as simpáticas penduras mostraram a sua perícia, qual golpe de malabarismo, e tiraram os casacos ..... em andamento. Foi o êxtase. Todos os atletas corriam atrás deles. Alguns, caminhavam. E eles, sempre a “acelerar”, continuavam a abrir caminho à maratona. Escorregavam pelas avenidas de motor desligado.

Mas o sonho estava a acabar. As máquinas acusavam o esforço e começavam a aquecer. Forçados a abandonar a iniciativa, tão notáveis participantes lá se arrastaram até à bonita praça junto ao rio. A aventura acabou e sob um sol radioso ... retiraram-se.

...... e de um passeio pelo campo

Após uma corrida matinal tão emocionante, o encontro para o almoço estava marcado. À porta da sede começavam a aparecer os candidatos ao petisco. O Rocha verificava as presenças. O Raspadinha finalmente acordou. O tempo começou a passar .... então vamos lá ? Já comia qualquer coisa. Arrancámos, ordeiramente, com destino ao Ribatejo. A viagem foi pacífica. O Rochinha liderava as hostes.

À chegada – maldição, as brasas ainda não estavam em brasa. E a fomeca a apertar. O nosso Guru espiritual cuidava do fogo divino. Mas a coisa prometia. Caixas de carnicha boa (o picanhas esmerou-se), enchidos, batatas fritas, paozinho branco, saladita, enfim, do melhor.

Dois dedos de conversa, abre-se uma bejeca, está cá um calor .....! E as brasas ainda não estão ao ponto. Vai outra loura. Corta-se o pão, abrem-se os primeiros pacotes de batatas, o gosto salgadinho pede outro comprimido para as dores. Toca um telemóvel. João? Que estás a fazer no Alentejo ???? É Ribatejo meu!

Eis que aparecem as morcelas. A malta atira-se com garra. Oba, Oba, sem abcesso vai tudo à dentada. A conversa esmorece. A linguiça está muito boa. Para não empanturrar, vamos à pesca de outra piquena. Agora o estômago começa a sorrir. Alguém se lembrou de temperar a salada. Entremeada, Hurra! De prato na mão a malta está contente. Isto pede outra bejeca. Vamos à pesca. Não trouxeram uma televisão ?

E as febras ??? Onde estão ???? Já dava ao dente. As travessas continuam vazias. Raios, as ditas não têm tempo de chegar à mesa. Mas o Neves ainda não parou .... já descobri ! Tenho de ir à grelha e fazer uma requisição directa. O esforço da caminhada pede mais uma loura. Ó Rocha, não comes nada?

E assim foi até a rapaziada ficar satisfeita. Belo petisco. A conversa aquece de novo. Formam-se vários grupos. Há que repousar, conversar um bocadinho para fazer boquinha para outra loirinha. A Xana arregala os olhos de contente – he! he! he! ... aqui não há balcão. Hoje estou de folga.

Diacho, cada vez que vou à pesca rapo frio. E as lá do fundo são as melhores, fresquinhas. O arrepio vai até ao ombro. Não interessa, é por uma boa causa. O Raspadinha corre atrás da lontra. A culpa não é minha! Elas aparecem-me à frente ..... e eu tenho que as beber!
Ouviu-se alguém a queixar que não havia televisão. Nem linhas de eléctrico!


E a tarde correu, calmamente. Conversou-se, falou-se, contaram-se histórias, jogaram-se matraquilhos. O Daniel não se cala, nem pára de mastigar. A moleza apareceu ....... o melhor é ir buscar outra mine. Isto faz bem às dores na coluna. Já me sinto melhor.

O Guru finalmente atacou o bacalhau ! Estes animais carnívoros não sabem o que é bom! Só falta o batido de atum.

Pelas cinco da tarde, os efeitos do esforço começavam a sentir-se. O Guru comia batatas fritas com mostarda (perdão, mostarda com batatas). A Susanita, cansada de tanta salada e de tratar dos meninos, adormece, rodeada de despojos do trabalho. O Ministro não entendia porque não tinha fome nem sede, mas continuava com a boca seca. Alguém mandou um objecto para dentro do "frigorífico" – saltou água para todos os lados. Raios, ainda há mines lá dentro. Não estraguem. O Bidon queria ser Gigabytes. E o Rocha? O gajo não come nada...... nem bebe alcool !

Aquele tipo de moscavide ainda não largou a grelha. Só mais uma febra pró lanche. Só para aconchegar.

Levantou-se o vento. Temos de arrumar esta tralha. É melhor chegar a casa antes que a Maria venda os perfumes todos. Oh malta, toca a ajudar. Muito a custo o pessoal erguia-se dos bancos. Caixas, restos de grades, material diverso, lixo, tudo desaparece lentamente. Blusões, capacetes, está a ficar frio, vamos lá arregaçar. Barulho, as motas estão a trabalhar. Não é preciso aquecer, quentinhos já nós estamos. Apita a partida. Brummm. A estrada é nossa. Formam-se vários grupos: Vamos lá despachar que ainda temos de passar no escritório hoje; Éh pá, calminha, devagarinho também chego a Lisboa. Vou muito pesado.

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